As infecções do trato respiratório inferior (ITRI), que são causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR) constituem um dos tipos de doenças mais frequentes e graves nos primeiros meses de vida, principalmente nas crianças com idade inferior a seis semanas e naquelas que são pré-termo. O VSR é responsável por 50-90% dos casos de bronquiolite e por aproximadamente 50% de todas as pneumonias na infância, principalmente nos meses de outono e inverno.
O VSR é transmitido de uma criança infectada pelas secreções do nariz ou da boca, por contato direto, ou por gotículas. O período de maior contágio é nos primeiros dias da infecção. O período de incubação de VSR varia entre 2 e 8 dias, normalmente 4-6 dias. Epidemias anuais ocorrem durante o inverno e no início da primavera.
Os principais sintomas de infecção pelo VSR são: congestão nasal; garganta irritada; dificuldade respiratória; tosse; febre (em alguns casos). Os bebês infectados podem ter dificuldade para mamar ou engolir os alimentos e, por ter a saúde mais frágil, a infecção pode evoluir para uma bronquiolite ou pneumonia. O diagnóstico é feito basicamente pela avaliação dos sintomas do bebê ou da criança. Em alguns casos, são realizados exames laboratoriais.
O VSR possui distribuição mundial. Nas regiões tropicais, as epidemias pelo VRS iniciam no outono e vão até a primavera. No Brasil, o VRS predomina nas estações de outono e inverno, particularmente nos meses de abril a agosto/setembro de cada ano.
Embora tenha, geralmente, uma boa evolução, cerca de 1 a 5% necessitam de internação (sendo 1,8 a 2,7% em unidade de cuidados intensivos – UTI). Em sua forma mais grave, acompanhada de insuficiência respiratória, com necessidade de ventilação mecânica (intubação), podendo representar uma importante causa de morbimortalidade.
As opções terapêuticas para a bronquiolite são escassas e não existe evidência científica que apoie o uso de qualquer conduta terapêutica, com exceção de medidas de suporte, em que se inclui a administração de oxigênio e a ventilação mecânica.
A possibilidade de poder prevenir a infecção pelo VSR ganhou ainda mais importância nos últimos dez anos, a partir do acúmulo de evidências que demonstram que lactentes hospitalizados com infecção do trato respiratório inferior (especialmente as causadas pelo VSR e pelo rinovírus) têm maior risco de desenvolver episódios recorrentes de sibilância e asma, quando comparados às crianças que não tiveram quadros severos de bronquiolite.
Algumas medidas de cuidado especial com os bebês e as crianças são importantes: oferecer bastante líquido e ficar atento aos sinais de desidratação, tais como boca seca, sonolência, olhos encovados (fundos) e pouca ou nenhuma urina. Caso haja complicações, o tratamento deve ser feito de forma intensiva, no hospital, para que o paciente mantenha a respiração adequada.
Em caso de dúvidas ou para mais informações, sempre consulte um médico.
REFERÊNCIAS:
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VIEIRA, R.A.; DINIZ, E.M.A.; CECCON, M.E.J.R. Correlação entre mediadores inflamatórios na secreção nasofaríngea e no soro de crianças com infecção do trato respiratório inferior por vírus sincicial respiratório e a gravidade da doença. J. Bras. Pneumol. vol. 36 nº 1 São Paulo jan./fev. 2010.