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Administração de medicamentos para quimioterapia: práticas seguras e eficientes

mulher olhada prancheta do médico

O câncer é um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que aproximadamente 704 mil novos casos de câncer sejam diagnosticados anualmente no Brasil até 2025.

Diante desse cenário, a quimioterapia se destaca como uma das principais modalidades de tratamento. Embora essencial para o controle do crescimento tumoral, a administração da quimioterapia exige práticas seguras que minimizem riscos para pacientes e profissionais.

Neste artigo, você encontrará informações sobre as melhores práticas na administração de quimioterápicos, contribuindo para a eficácia dos tratamentos e a segurança no ambiente de saúde.

O que é a quimioterapia e como funciona?

A quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos para destruir ou inibir o crescimento de células cancerígenas. Esses medicamentos têm como alvo principal as células que se dividem rapidamente, característica típica dos tumores malignos. Entretanto, essa ação pode afetar células saudáveis, como as da medula óssea, do trato digestivo e dos folículos capilares, levando a efeitos colaterais comuns ao tratamento.

A administração de quimioterápicos pode ocorrer por diferentes vias, como oral, intravenosa ou tópica, dependendo das características do tumor e das condições clínicas do paciente. O tratamento pode ser combinado com outras abordagens, como cirurgia ou radioterapia, e ajustado conforme o objetivo terapêutico, seja ele curativo, paliativo, adjuvante ou neoadjuvante.

Mais do que entender a quimioterapia em si, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos à administração segura desses medicamentos. Isso inclui desde o preparo correto, realizado em áreas controladas, até a infusão ou entrega dos medicamentos, que deve seguir protocolos rigorosos para evitar erros e garantir a eficácia do tratamento. Um manejo seguro não só potencializa os resultados terapêuticos, mas também reduz os riscos de complicações para pacientes e profissionais envolvidos.

Práticas seguras na administração de quimioterápicos

A implementação de protocolos baseados em evidências e a capacitação contínua das equipes são estratégias essenciais para garantir a segurança durante a administração de quimioterápicos. Abaixo, detalhamos as principais recomendações.

1. Treinamento da equipe de saúde

Profissionais de saúde envolvidos na manipulação e administração de quimioterápicos devem receber treinamento contínuo. É fundamental compreender:

  • A farmacologia dos agentes quimioterápicos.
  • Protocolos de administração específicos para cada via.
  • Medidas para o manejo de efeitos adversos e reações anafiláticas.

2. Equipamentos de proteção individual (EPIs)

Os EPIs são indispensáveis para proteger os profissionais de saúde contra a exposição acidental a substâncias citotóxicas. O uso correto inclui:

  • Aventais impermeáveis.
  • Luvas de cano longo, resistentes a agentes químicos.
  • Máscaras com filtro para partículas e gases.
  • Óculos ou viseiras de proteção.

Os EPIs devem ser utilizados durante todas as etapas, desde a manipulação dos medicamentos até o descarte de resíduos.

3. Prescrição e dupla checagem

A prescrição de quimioterápicos deve ser clara, precisa e preferencialmente informatizada. Além disso, recomenda-se:

  • Dupla checagem por dois profissionais: garantir que a dosagem, a via de administração, o horário e a identidade do paciente estejam corretos antes da infusão.
  • Uso de checklists padronizados para identificar possíveis falhas no processo.

Estudos demonstram que a dupla checagem reduz significativamente a incidência de erros de medicação, promovendo maior segurança para pacientes​.

4. Administração segura

  • Via intravenosa: utilizar veias calibrosas para minimizar riscos de extravasamento, aplicando dispositivos adequados como cateteres de longa permanência.
  • Via oral: orientar pacientes e cuidadores sobre horários de administração, interações medicamentosas e armazenamento adequado.
  • Via intratecal: medicamentos devem ser manipulados em áreas exclusivas, com etiquetas de alerta para evitar confusão com outras vias. 

5. Monitoramento e manejo de efeitos adversos

Durante e após a administração da quimioterapia, o paciente deve ser monitorado de forma contínua para identificar possíveis complicações. Efeitos adversos comuns incluem:

  • Toxicidade hematológica: anemia, leucopenia e trombocitopenia.
  • Reações gastrointestinais: náuseas, vômitos e diarreia.
  • Extravasamento: infiltração acidental do quimioterápico nos tecidos subcutâneos, podendo causar necrose.

Ação imediata em caso de extravasamento: interromper a infusão, aplicar compressas conforme o protocolo e administrar antídotos específicos, se necessário. 

Gestão de riscos e descarte de resíduos

A manipulação inadequada de resíduos quimioterápicos pode causar contaminação ambiental e riscos à saúde pública. Para evitar isso:

  • Descartar em recipientes específicos: seguir as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
  • Fluxo de trabalho padronizado: criar um processo claro para descarte de materiais contaminados, envolvendo coleta, transporte e tratamento final.

O papel de pacientes e profissionais na segurança das práticas oncológicas 

Além de adotar técnicas seguras na administração, é fundamental engajar os pacientes no processo de cuidado e garantir a proteção dos profissionais expostos aos medicamentos. A segurança na quimioterapia é uma responsabilidade compartilhada, onde práticas bem estabelecidas não apenas reduzem os riscos de complicações, mas também potencializam os resultados terapêuticos, promovendo um ambiente seguro para todos os envolvidos.

O papel do paciente na segurança do tratamento

Os pacientes devem ser vistos como participantes ativos no cuidado, com responsabilidades que vão além de apenas seguir o tratamento prescrito. Envolver o paciente no processo terapêutico contribui para a identificação precoce de complicações e aumenta a adesão ao plano de cuidados. Algumas práticas essenciais incluem:

  • Receber orientações claras e materiais educativos: informações sobre o tratamento, possíveis efeitos colaterais e medidas preventivas devem ser comunicadas de maneira compreensível, respeitando o nível de entendimento do paciente.
  • Relatar efeitos adversos imediatamente: sintomas como náuseas, dor ou reações alérgicas devem ser reportados prontamente à equipe de saúde, permitindo intervenções rápidas e eficazes.
  • Participar de consultas regulares: o acompanhamento contínuo possibilita ajustes no tratamento, quando necessário, e reforça a relação de confiança entre paciente e equipe de saúde.

Os profissionais que manipulam e administram quimioterápicos estão expostos a uma série de riscos ocupacionais devido à natureza citotóxica desses medicamentos. Estudos destacam que a exposição inadequada pode resultar em:

  • Irritação cutânea e ocular: contato direto com substâncias químicas pode causar lesões imediatas.
  • Alterações genéticas: a exposição prolongada a agentes quimioterápicos está associada a mutações genéticas, aumentando o risco de desenvolver câncer ao longo do tempo.

Proteção dos profissionais de saúde

Para minimizar esses riscos, é indispensável adotar práticas seguras no ambiente de trabalho, tais como:

  • Uso correto de EPIs: avental impermeável, luvas resistentes, máscaras e óculos de proteção devem ser utilizados em todas as etapas de manuseio e administração.
  • Treinamento contínuo: capacitações regulares são fundamentais para atualizar a equipe sobre protocolos de segurança, técnicas de administração e manejo de emergências, como extravasamento ou reações adversas severas.

A administração de quimioterápicos é um processo altamente complexo, que requer atenção minuciosa em todas as etapas. A adoção de práticas seguras, como protocolos padronizados, uso de EPIs e treinamento constante, garante não apenas a eficácia do tratamento, mas também a proteção de pacientes e profissionais de saúde.

Gostou deste conteúdo? Confira outros artigos sobre quimioterapia e cuidados oncológicos no Blog da Labor – Health Supply. Fique por dentro das melhores práticas para transformar a saúde em sua rotina profissional!

Referências:

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). (2022). INCA estima 704 mil casos de câncer por ano no Brasil até 2025. Recuperado de https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/noticias/2022/inca-estima-704-mil-casos-de-cancer-por-ano-no-brasil-ate-2025

Knezevic CE, Clarke W. Cancer Chemotherapy: The Case for Therapeutic Drug Monitoring. Ther Drug Monit. 2020 Feb;42(1):6-19. doi: 10.1097/FTD.0000000000000701. PMID: 31568180.

Oliveira, P. P. de ., Santos, V. E. P., Bezerril, M. dos S., Andrade, F. B. de ., Paiva, R. de M., & Silveira, E. A. A. da .. (2019). PATIENT SAFETY IN THE ADMINISTRATION OF ANTINEOPLASTIC CHEMOTHERAPY AND OF IMMUNOTHERAPICS FOR ONCOLOGICAL TREATMENT: SCOPING REVIEW. Texto & Contexto – Enfermagem, 28, e20180312. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0312

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