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Sarampo: uma antiga ameaça está de volta


Aquela expressão: “o passado sempre retorna a nos assombrar” é real, especialmente quando se fala em saúde e cuidados com o nosso bem-estar. E, justamente por descuido e negligência, doenças que já eram consideradas erradicadas, ou mesmo já estavam completamente controladas, têm voltado a assombrar a população e os profissionais da saúde.

Entre essas doenças, uma tem se destacado: o sarampo. Essa doença vem contaminando crianças e também pessoas adultas, infectando-as com esse vírus que há muito não era registrado em território brasileiro.

Tendo em proporção o aumento de casos dessa doença, hoje abordaremos esse tema e traremos dicas para proteger você e sua família.



Aumento dos casos de sarampo: por que estão ocorrendo?

O sarampo é uma doença altamente contagiosa e de alta gravidade causada por um vírus, que pode tranquilamente ser evitada, pois as vacinas são seguras e eficazes. Entre 2000 e 2018, a vacinação contra essa doença evitou cerca de 23,2 milhões de mortes ao redor do mundo.

A ameaça global do sarampo vem aumentando de forma significativa na mesma proporção em que o número de crianças imunizadas diminui. 

De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), publicado em novembro deste ano, mostrou que após anos de diminuição da cobertura vacinal contra a doença, os casos de sarampo cresceram 18% (em 2022) e as mortes pela doença aumentaram 43% a nível mundial, comparado a 2021. 

Esse estudo ainda projeta a possibilidade real de 9 milhões de novos casos, levando a 136 mil mortes, especialmente entre crianças menores de 12 anos.

Somente em 2022, 37 países passaram por surtos de sarampo significativos, totalizando 15 a mais em relação a 2021. Entre as nações que passaram por surtos estão: 

  • 28 países da África;
  • 06 países no Mediterrâneo Oriental;
  • 02 no Sudeste Asiático;
  • 01 na Europa.

Retorno do sarampo nas Américas e no Brasil

Diante da diminuição da vacinação infantil contra o sarampo e a ampliação da possibilidade de surtos da doença, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou os países das Américas para reverem e atualizarem suas medidas de proteção e incentivo à vacinação visando prevenir o retorno da transmissão endêmica do vírus.

Segundo o Grupo Técnico Assessor em Vacinas (GTA) da OPAS, o aumento do risco de surtos de doenças preveníveis via vacinação nesse continente atingiu o ponto mais alto dos últimos 30 anos. 

Ainda segundo estimativas da OPAS do ano de 2021, mais de 1,7 milhões de crianças, em 28 países americanos, não receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo no seu primeiro aniversário.

As Américas foram declaradas livres do sarampo em 2016, porém com a circulação do vírus em outras partes do mundo e a cobertura vacinal em queda, os países desse continente viram um aumento de casos advindos de outros lugares  entre 2017 e 2019.

Um dos surtos mais significativos ocorridos na época foi justamente aqui no Brasil e na Venezuela.

Após esse surto, os casos confirmados diminuíram e em 2022 com as medidas de distanciamento social pela COVID-19, somente seis países americanos relataram casos de sarampo “importados”: 

  • Argentina;
  • Brasil;
  • Canadá;
  • Equador;
  • Estados Unidos;
  • Paraguai.

Visando reduzir ainda mais a transmissão, a OPAS recomenda que os responsáveis das crianças mantenham as doses de vacina contra sarampo em dia visando protegê-las e também prevenir surtos e complicações graves – que podem levar à morte bebês e crianças pequenas.

Retorno do sarampo no Brasil

Aqui no Brasil, a cobertura vacinal está longe de ser adequada e vem caindo significativamente ao longo dos últimos anos, o que causa preocupação, pois estudiosos da saúde e imunologia afirmam que o ideal para impedir a transmissão do vírus do sarampo é atingir cerca de 95% da população vacinada. 

Em nosso país, inclusive, a depender da região, as taxas chegam a 70% no máximo, ou pelo menos 60%, o que não configura uma cobertura vacinal deficitária, acarretando na facilidade de transmissão do sarampo.

O sarampo é muito perigoso e por vários anos foi uma das principais causas de mortalidade infantil em nosso país, devido às complicações graves ocasionadas pela doença, como a pneumonia, por exemplo.

No Boletim Epidemiológico de 2022 divulgado pelo Ministério da Saúde, foram registrados 2.306 casos suspeitos de sarampo aqui no Brasil. Esses números se devem pela cobertura vacinal atual seja de apenas 64% das crianças vacinadas, quando o desejável para essa seria 95%.

Trata-se de um grande problema, pois os riscos de contaminação com o sarampo são muito expressivos: uma pessoa pode contaminar até dez indivíduos – para comparação, a pessoa infectada por covid-19 contamina três ou quatro outros indivíduos.

Por que doenças como o sarampo estão voltando e qual a importância da vacinação para evitar esse quadro?

Quando se fala em grandes invenções da humanidade, logo lembramos que uma delas foram as vacinas. Contudo, apesar do divisor de águas que a vacinação foi para a saúde humana, nota-se que doenças eliminadas, como o sarampo, têm voltado a aparecer em: 

  • Noticiários;
  • Redes sociais;
  • Boletins médicos;
  • Postos de saúde;
  • Hospitais. 

Isso se deve a três questões:

  • Primeira: a vacinação ser efetiva e a não ocorrência de casos entre as pessoas próximas leva alguns a pensarem estar livres de contaminação, ou pensarem que as doenças desapareceram e por isso a vacinação não é mais necessária.
  • Segunda: movimentos antivacina sustentando pela desinformação; pela disseminação de fake news sobre as vacinas; publicações de boatos sobre os seus riscos em potencial; inverdades sobre efeitos colaterais dos imunizantes.
  • Terceira: o fato que pode ser a causa ou a consequência é a falta de informação concomitante à ausência de campanhas efetivas de vacinação no Brasil.

Dessa forma é preciso ressaltar que as vacinas são completamente seguras.  Nas últimas décadas, milhões foram imunizados a nível mundial e o resultado disso é o expressivo número de vidas que foram salvas e de doenças consideradas erradicadas.

As únicas contraindicações da vacina feitas pelos  médicos são para indivíduos imunossuprimidos, seja por doenças ou tratamentos que prejudicam o sistema imunológico, ou casos de alergia grave a um dos componentes do imunizante. 

As reações vacinais, quando ocorrem, são, em ampla maioria, leves e passageiras, não se comparando às possíveis complicações que uma doença como o sarampo pode ocasionar à saúde.

Somente com a vacinação é possível evitar o retorno de ameaças como o sarampo. Então, vacine-se e estimule seus amigos e familiares a fazer o mesmo!

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