O metapneumovírus humano (hMPV) é um vírus respiratório da família Pneumoviridae, identificado na Holanda em 2001. No entanto, análises sorológicas indicam que ele já circulava entre humanos há mais de seis décadas.
Nos últimos meses, surtos de hMPV foram registrados em diversos países, incluindo a China, onde o aumento significativo de casos levou a um reforço na vigilância sanitária. Embora o risco de uma pandemia seja considerado baixo, autoridades de saúde ressaltam a necessidade de intensificar as medidas de prevenção e controle de infecções respiratórias, especialmente entre grupos mais vulneráveis.
Este artigo reúne tudo o que você precisa saber sobre o metapneumovírus: sintomas, transmissão, diagnóstico e estratégias de manejo clínico. Continue lendo e mantenha-se atualizado!
O que é o Metapneumovírus?
O metapneumovírus humano (hMPV) é um vírus de RNA de fita simples, envelopado, pertencente à família Pneumoviridae. Estrutural e funcionalmente, apresenta semelhanças com o vírus sincicial respiratório (hRSV) e é uma das principais causas de infecções do trato respiratório inferior, especialmente em crianças pequenas, idosos e indivíduos imunocomprometidos.
Apesar de sua relevância clínica, não há antivirais específicos nem vacinas disponíveis para o hMPV, tornando fundamental o diagnóstico precoce e a implementação de medidas preventivas e terapêuticas eficazes. Sua identificação ocorreu apenas em 2001, mas estudos retrospectivos indicam que o vírus já circulava há muitas décadas, frequentemente subdiagnosticado devido à semelhança de seus sintomas com os de outros vírus respiratórios.
Metapneumovírus: quanto dura?
A duração dos sintomas varia conforme o quadro clínico. Em casos leves, a infecção dura de 5 a 7 dias, enquanto quadros moderados a graves podem persistir por até duas semanas. Pacientes hospitalizados podem apresentar sintomas prolongados devido a complicações, como pneumonia e insuficiência respiratória.
Epidemiologia e transmissão
O hMPV apresenta um padrão sazonal, com picos de incidência nos meses mais frios do ano, especialmente no final do inverno e início da primavera. Assim como outros vírus respiratórios, sua transmissão ocorre por meio de:
- Gotículas respiratórias eliminadas ao tossir, espirrar ou falar.
- Contato direto com secreções contaminadas.
- Superfícies contaminadas, onde o vírus pode sobreviver por algumas horas.
Sintomas e Manifestações Clínicas
O metapneumovírus humano (hMPV) pode desencadear uma variedade de manifestações respiratórias, que vão desde sintomas leves, como febre moderada, tosse persistente, rinorreia e congestão nasal, até quadros mais graves, como dispneia intensa e sibilância, particularmente em pacientes com doenças respiratórias preexistentes, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Embora qualquer pessoa possa ser infectada, os grupos mais vulneráveis incluem crianças menores de cinco anos, especialmente lactentes, idosos e indivíduos imunocomprometidos. Nessas populações, a infecção pode evoluir para bronquiolite e pneumonia, exigindo hospitalização. Em cenários mais críticos, pode haver necessidade de suporte ventilatório devido à insuficiência respiratória.
Além disso, o isolamento de pacientes hospitalizados com hMPV é importante para evitar a disseminação do vírus e reduzir o risco de coinfecções com outros patógenos respiratórios, como vírus sincicial respiratório (hRSV), influenza e SARS-CoV-2.
A ocorrência simultânea dessas infecções pode agravar significativamente o quadro clínico, aumentando a necessidade de hospitalização e elevando o risco de complicações graves, como a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA).
Diagnóstico: Como Identificar o hMPV?
O diagnóstico do metapneumovírus é baseado em testes laboratoriais específicos, uma vez que os sintomas se sobrepõem a outras infecções respiratórias. A identificação precoce é essencial para um manejo adequado e a adoção de medidas de controle, especialmente em hospitais e unidades de terapia intensiva. Os principais métodos incluem:
- RT-PCR: padrão-ouro na detecção do RNA viral.
- Testes rápidos de antígeno: opção para triagem, mas com menor sensibilidade.
- Painéis multiplex: diferenciam hMPV de outros vírus respiratórios simultaneamente.
Os sintomas do metapneumovírus podem ser semelhantes aos de outras infecções respiratórias virais, como influenza e COVID-19. Diferenciar essas doenças apenas com base nos sintomas pode ser desafiador, tornando essencial o uso de testes laboratoriais para um diagnóstico preciso. Para mais informações sobre como distinguir a gripe da COVID-19, recomendamos a leitura deste artigo: influenza ou COVID-19: como diferenciar?
Tratamento e Manejo Clínico
Atualmente, não há antivirais aprovados para o tratamento do metapneumovírus humano. O manejo é baseado em suporte clínico, com foco em:
- Hidratação adequada
- Controle da febre com antipiréticos
- Oxigenoterapia em casos graves
- Suporte ventilatório para pacientes com insuficiência respiratória
Pesquisa com anticorpos monoclonais
Estudos recentes exploram o uso de anticorpos monoclonais neutralizantes (nMAbs) direcionados à proteína F do hMPV, um alvo essencial para a fusão viral e entrada nas células do hospedeiro. As pesquisas com nMAbs buscam replicar o sucesso do tratamento contra o vírus sincicial respiratório, possibilitando o desenvolvimento de novos tratamentos profiláticos e terapêuticos.
Prevenção e Controle do Metapneumovírus
Como não há vacina disponível, as medidas preventivas incluem:
- Higienização das mãos com álcool 70% ou sabão
- Uso de máscaras e EPIs em ambientes hospitalares
- Isolamento respiratório de pacientes infectados
- Monitoramento epidemiológico para identificar surtos sazonais
Além disso, vacinas baseadas em mRNA e proteínas recombinantes estão em fase 1 de testes clínicos, o que pode representar um avanço significativo nos próximos anos.
Impacto do hMPV na assistência à saúde e demandas hospitalares
O aumento dos casos de metapneumovírus humano (hMPV) impacta diretamente a infraestrutura de saúde, resultando em maior necessidade de testes diagnósticos, especialmente RT-PCR e painéis multiplex, que permitem diferenciar o hMPV de outros vírus respiratórios. Além disso, surtos sazonais elevam a demanda por equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, luvas e aventais, essenciais para reduzir a disseminação em ambientes hospitalares.
Nos casos mais graves, que requerem hospitalização, há um aumento na necessidade de oxigenoterapia e suporte ventilatório, especialmente para pacientes com insuficiência respiratória. Diante desse cenário, a vigilância epidemiológica torna-se um fator crucial para a gestão de recursos, auxiliando hospitais e unidades de saúde na preparação para períodos de maior circulação viral.
O metapneumovírus humano (hMPV) é um vírus respiratório de alta relevância clínica, especialmente para grupos vulneráveis. Com diagnóstico preciso, manejo adequado e medidas preventivas, é possível reduzir hospitalizações e complicações.
Para profissionais da saúde e empresas do setor médico, o conhecimento sobre o hMPV permite melhor planejamento de recursos e estratégias de controle, impactando diretamente a qualidade da assistência prestada.
Acompanhe as atualizações sobre novos tratamentos e potenciais vacinas para o hMPV, e garanta a segurança e a eficácia dos insumos utilizados na prática clínica.
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Referências:
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