A infecção do trato urinário (ITU) é uma patologia extremamente frequente, que ocorre em todas as idades, do neonato ao idoso. Ela se caracteriza pela presença de agentes infecciosos e invasão dos tecidos urinários. Além disso, a ITU pode comprometer somente o trato urinário baixo, o que especifica o diagnóstico de cistite, ou afetar simultaneamente o trato urinário inferior e o superior; neste caso, utiliza-se a terminologia infecção urinária alta, também denominada pielonefrite. A infecção urinária baixa ou cistite pode ser sintomática ou não.
Para fazer o diagnóstico, deve-se , preferencialmente, colher a primeira urina da manhã, em recipiente estéril, em geral fornecido pelo laboratório que procederá a análise. Comumente é usada a primeira urina da manhã, mas isso não é obrigatório e a urina pode ser coletada em qualquer período do dia. O primeiro jato deve ser desprezado e serve para eliminar as impurezas que possam estar na uretra. Colhe-se o jato médio (40-50 mL de urina), desprezando-se também o jato final. Os homens devem lavar e secar previamente o pênis, com gaze estéril ou toalha bem limpa, retrair inteiramente o prepúcio e urinar sem contato com a urina. As mulheres devem lavar a região genital de frente para trás, enxaguar e secar, também usando gaze estéril ou toalha limpa e, ao urinar, manter os grandes lábios da vagina afastados, de modo que a urina seja colhida sem contato com o corpo. As crianças devem colher a urina no laboratório, sempre que possível, e com cuidados especiais de assepsia. Mesmo em adultos, o ideal é colher a urina no próprio laboratório, pois quanto mais fresca estiver a amostra, mais confiáveis serão seus resultados.
Figuras 1a e 1b: Frasco coletor de urina estéril, para realização de exame de urocultura (uso adulto – a) e coletor de urina estéril (uso infantil/neonato – b).
O exame de urina I completo inclui exames físico, químico e microscópico. A análise dos constituintes bioquímicos da urina, normalmente, é realizada através de tiras reagentes, objetivando tornar a determinação de elementos da urina de maneira mais rápida, simples e econômica. As tiras reativas de urina constituem um meio prático, capaz de realizar 10 ou mais análises bioquímicas clinicamente importantes, como: pH, proteínas, glicose, cetonas, hemoglobina, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, densidade e leucócitos.
As tiras reagentes são especialmente úteis na triagem de casos agudos suspeitos de ITU, principalmente em nível ambulatorial ou no consultório.
Figura 2: Fita reagente para determinação semiquantitativa utilizada na realização do exame de urina I.
A análise microscópica do sedimento urinário consiste na busca por células e partículas presentes na urina (eritrócitos, leucócitos, bactérias, cilindros, entre outros). Essa análise fornecerá, quando associado à anamnese e ao quadro clínico, os dados que praticamente confirmam o diagnóstico de ITU: eritrócitos, leucócitos, bactérias, cilindros, entre outros. Os valores encontrados são, habitualmente, proporcionais à intensidade da infecção.
Utilizando uma câmara de Neubauer, os sedimentos urinários são analisados pelo profissional, através do uso de um microscópio.
Figuras 3a e 3b: Câmara de Neubauer e Microscópio utilizados para análise microscópica do sedimento urinário.
Figura 4: Sedimentoscopia de urina
- Hemácias.
- Cristais
- Leucócitos.
A cultura de urina quantitativa (urocultura) avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, jato médio, poderá fornecer, na maioria dos casos, o agente etiológico causador da infecção e trazer subsídio para a conduta terapêutica. Sua importância crescerá quando, diante de falha da terapia empírica, possibilite a realização do teste de sensibilidade in vitro (antibiograma), que orientará uma nova conduta terapêutica.
Os agentes etiológicos mais frequentemente envolvidos com ITU adquirida na comunidade são, em ordem de frequência: a Escherichia coli, o Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella e o Enterococcus faecalis. A E. coli, sozinha, responsabiliza-se por 70% a 85% das infecções do trato urinário.
Figura 5: Placa com crescimento bacteriano – Urocultura
REFERÊNCIAS
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