Quem nunca ouviu recomendações de que o ser humano precisa tomar dois litros de água por dia? Um estudo publicado em agosto na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), contudo, contesta essa tese.
A pesquisa foi feita em parceria: o cientista Michael Farrell, da Monash University, supervisionou o trabalho de Pascal Saker, estudante de PhD da Universidade de Melbourne, na Austrália. Ambos identificaram que uma inibição de engolir é ativada pelo cérebro quando excesso de água é consumido.
Esta inibição ajuda a manter bem calibrados os volumes de água no corpo humano. Tal mecanismo, revelado pela primeira vez, regula a quantidade de fluidos que tomamos e evita que tomemos líquidos em excesso, que potencialmente poderia causar uma intoxicação por água.
“Se nós simplesmente fizermos o que o nosso corpo nos pede, provavelmente faremos da maneira certa. Apenas beba de acordo com a sede em vez de programação elaborada” – Michael Farrell, um dos autores do estudo
A pesquisa foi baseada em um estudo anterior e pediu para que os participantes avaliassem a quantidade de esforço necessário para engolir água sob duas condições. Em uma, após um exercício, quando estavam com sede. Já em outra circunstância eles eram persuadidos a beber uma quantidade excessiva de água.
Os resultados apontaram para um aumento de três vezes no esforço na situação que envolvia o excesso de líquido.
“Pela primeira vez achamos o esforço de engolir após beber excesso de água, o que significa que eles tinham que superar algum tipo de resistência. Isto é compatível com a nossa noção de que o reflexo de engolir é inibido a partir do momento que a água é tomada”, diz Farrell.
Como auxílio, Farrell utilizou ressonância em várias partes do cérebro com foco apenas no breve período antes de o indivíduo engolir. As imagens mostraram uma atividade muito maior do córtex frontal quando os participantes tentavam engolir com mais esforço.
Beber água em excesso coloca o corpo em perigo. A pessoa pode sofrer de intoxicação que causa hiponatremia, que é quando os rins não conseguem administrar o líquido e os níveis de sódio são reduzidos no sangue. Os sintomas incluem fadiga, náusea, vômito e confusão mental, podendo culminar em convulsões e morte.
É claro que, apesar do estudo, beber água segue de vital importância – Farrell alerta até que idosos costumam beber menos do que deviam.
Fonte: Uol notícias | Imagem: Pin it