O câncer colorretal (CCR) configura-se como a terceira causa mais comum de câncer no mundo e a segunda em países desenvolvidos, o que leva a busca de métodos diagnósticos capazes de detectar, precocemente, lesões neoplásicas malignas, sendo a pesquisa de sangue oculto nas fezes um bom exame de triagem para identificação dessas lesões no trato gastrointestinal.
As tentativas de prevenção interferem na progressão de um pólipo benigno para um carcinoma, que se dá entre 5 e 10 anos. Considerando que o carcinoma colorretal está relacionado aos pólipos, o diagnóstico precoce deles e sua remoção permite diminuir a incidência do carcinoma.
A colonoscopia é o melhor exame preventivo, pois além de diagnosticar o CCR permite identificar e tratar pólipos, lesões precursoras da doença. Porém, são necessários métodos de triagem para a realização de colonoscopias, pois mesmo em países desenvolvidos não seria possível à realização de colonoscopias em todos os indivíduos acima de 50 anos. O custo-benefício da diminuição de mortalidade pela detecção precoce das lesões precursoras (pólipos), ou os crescentes achados de CCR em fase inicial têm estimulado a realização dessas triagens.
Na grande maioria dos casos de CCR, os sintomas surgem quando a doença está avançada. Esses pacientes exigem maiores custos de tratamento e estão acompanhados de altas taxas de morbidade e mortalidade.
Daí a importância do teste de triagem de pesquisa de sangue oculto, que é recomendado para o rastreamento, quando o paciente pode apresentar possíveis sinais característicos da doença, o que facilita um diagnóstico precoce com maiores índices de tratamento e cura.
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No passado, a adesão à realização desse exame era considerada baixa, por algumas razões, como a dificuldade do paciente em se submeter a uma dieta especial para que não houvesse interferência no exame e o fato de poucos médicos solicitarem o exame, por causa dos testes que possuíam baixa sensibilidade e exatidão. Além disso, quando o paciente procurava atendimento médico, muitas vezes já estava em estado avançado da doença e, nesse caso, o médico já solicitava diretamente a colonoscopia.
Devido ao aumento de casos de câncer, de uma maneira geral, e a divulgação de campanhas relacionadas ao diagnóstico precoce da doença, as pessoas com o mínimo de sintomas ou até nenhum, procuram o serviço de atendimento e com isso, o exame de triagem tem sido um coadjuvante favorável.
Atualmente, alguns testes disponíveis no mercado possuem tecnologia que dispensam o uso de dieta prévia e sua sensibilidade e exatidão são mais elevadas. Além disso, o sangue proveniente de dieta animal não interfere no teste. Dessa forma, é dispensável a realização da dieta.
Um estudo realizado por Jucá et al. (2015) concluiu que o teste de sangue oculto é uma ferramenta viável na detecção de pólipos em geral e de importância clínica considerável na detecção de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas de câncer colorretal em indivíduos assintomáticos e de baixo risco, principalmente quando associada à retrosigmoidoscopia flexível, que é um instrumento endoscópico utilizado de forma simples, sem a necessidade de sedação do paciente.
Outro ponto favorável é que a facilidade da metodologia facilita que esse ensaio seja realizado em unidades básicas de saúde de atendimento ambulatorial.
Vale ressaltar que a pesquisa de sangue oculto nas fezes auxilia o diagnóstico, não devendo ser substituído por outros procedimentos necessários para o diagnóstico preciso.
A Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes, pelo seu baixo custo e caráter não invasivo, é um método de triagem e monitoramento muito sugestivo para o rastreamento em pacientes, sendo realizado por homens e mulheres de diferentes faixas etárias e solicitado por diversas especialidades médicas, com menos complicações, sem necessidade de sedação, custo-benefício aceitável, sendo assim uma importante alternativa para ser aplicada em programas sociais de prevenção do carcinoma colorretal e diagnóstico precoce da doença em unidades básica de saúde.
REFERÊNCIAS:
ALTENBURG, F.L.; SIMÕES, M.L.P.B; BAHTEN, L.C.V. A pesquisa de sangue oculto nas fezes associada a um questionário de sinais e sintomas na prevenção do câncer colorretal. Rev bras. colo-proctol. vol.29 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2009.
JATOBA, M.P;ET AL.; Pesquisa de sangue oculto nas fezes e achado colonoscópico em 60 pacientes. Rev bras. colo-proctol. vol.28 no.4 Rio de Janeiro Oct./Dec. 2008.
MARIO JORGE JUCÁ, M.J.; ET AL. Teste de sangue oculto nas fezes e retossigmoidoscopia flexível: instrumentos para o rastreamento de neoplasias colorretais em pacientes assintomáticos. J. Coloproctol. (Rio J.) vol.35 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2015.
MENEZES, C.P.; OLIVEIRA, T.L.; LUNDGREN, P.U. Fecal occult blood test – FOBT: an alternative to determine screening of colorectal cancer. Rev. Bras. Farm. 93 (1): 48-53, 2012.
