O ganho excessivo de peso e a obesidade vem se apresentando como uma tendência crescente na população brasileira.
Segundo levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, em 2019, 407.589 pessoas foram diagnosticadas com obesidade grau III, representando 3,14% das pessoas monitoradas, ao passo que em 2022, esse número subiu para 863.083 brasileiros diagnosticados com obesidade no mais grave nível, desse modo totalizando 4,07% da população.
Esses dados representam um crescimento de 29,6% em apenas 4 anos, tornando as consequências da obesidade cada vez mais preocupantes.
Pela importância desse assunto, hoje abordaremos a obesidade e suas implicações na saúde. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto.
O que caracteriza a obesidade?
A obesidade trata-se de uma doença crônica capaz de comprometer seriamente a qualidade de vida da pessoa e relaciona-se diretamente com várias outras doenças. Ela é caracterizada como excesso de gordura corporal acumulada.
Esse ganho de peso excessivo ocorre quando o consumo calórico é maior que o gasto diário e quando esse comportamento torna-se contínuo, ocasiona o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC), cálculo obtido pela divisão do peso pela altura ao quadrado de uma pessoa.
A pessoa é considerada obesa quando esse índice é igual ou superior a 30. Entre os fatores que favorecem as chances de obesidade, destacamos:
Má alimentação:
Consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, dieta baseada em altos níveis de sódio e açúcar e alimentos com pouco valor nutricional estimulam o ganho de peso pois mantém o corpo saciado por menos tempo.
Sedentarismo
Fazer pouca atividade física no cotidiano leva o corpo a ter um gasto calórico seja menor do que a ingestão, levando ao aumento de peso com o passar do tempo.
Fatores genéticos
Pessoas com histórico familiar de obesidade de grau próximo (pais e avós) podem carregar genes de predisposição e também serem propensos ao problema.
Uso de medicamentos
Alguns fármacos possuem efeitos colaterais que promovem o acúmulo de gordura corporal e a retenção de líquido que podem levar à obesidade.
Problemas hormonais
Questões hormonais e distúrbios de tireoide também ocasionam o aumento dos níveis de cortisol favorecendo o ganho de peso excessivo.
Transtornos psicológicos
Problemas como depressão e ansiedade, por exemplo, costumam levar a pessoa a aumentar seu consumo de alimentos hipercalóricos e diminuição da atividade física – que a longo prazo pode culminar em obesidade.
Problemas neurológicos
Algumas lesões em certas regiões do cérebro – como no hipotálamo, também provocam desequilíbrios que ocasionam aumento da gordura corporal.
Por que a obesidade é considerada uma doença crônica?
Uma doença é considerada crônica quando prejudica a qualidade de vida de um indivíduo, possui longa duração e tem caráter progressivo, mesmo apresentando ou não sintomas associados.
É o caso da obesidade, pois ela quando acompanhada de um estilo de vida pouco saudável, incorre na possibilidade da pessoa desenvolver diversas outras doenças crônicas associadas e outros distúrbios.
A obesidade pode afetar inclusive a saúde mental da pessoa, tornando o seu tratamento ainda mais dificultoso, pelo fato de que o ganho de peso gera sentimento de culpa, intensificado pelo julgamento social, levando o indivíduo a pensar que não se cuidou o suficiente gerando desmotivação para buscar soluções.
Implicações à saúde relacionadas a obesidade
Entre as principais consequências da obesidade estão o aparecimento de doenças associadas, o que ocorre pelo excesso de peso causar processos inflamatórios em diferentes regiões do corpo, além de sobrecarga ou acúmulo de gordura nas artérias e colesterol nos vasos sanguíneos – sem contar os efeitos psicológicos.
Entre as doenças relacionadas à obesidade destacamos:
- Quadros de cardiopatia: arritmia, infarto;
- Doenças cardiovasculares: hipertensão, AVC;
- Diabetes tipo 2;
- Aumento das chances de câncer: intestino, mama, endométrio, etc;
- Doenças nos músculos e ossos pela sobrecarga de peso corporal;
- Doenças respiratórias: apneia, asma;
- Depressão e ansiedade;
- Colesterol alto;
- Dificuldades para dormir;
- Sensibilidade e/ou desgaste nas articulações;
- Dores nas costas.
Quatro principais consequências ligadas à obesidade
Como você viu acima, a obesidade acarreta ou agrava diversas outras complicações de saúde, porém há 4 principais consequências ligadas ao problema. Confira quais a seguir.
Hipertensão
Doença cardiovascular causada pelo aumento da pressão arterial, ocorrendo quando a tensão da circulação de sangue sobe a níveis consideráveis, que podem inclusive danificar as paredes das veias e artérias.
Altos índices de gordura corporal se relacionam, também, ao aumento na quantidade de triglicerídeos e colesterol LDL (o tal do “colesterol ruim”) e o aumento de lipídios no sangue pode comprometer a circulação, provocando a hipertensão.
Devido a isso, pessoas obesas desenvolvem maiores chances de terem complicação que indivíduos com o IMC dentro da normalidade.
A hipertensão precisa ser devidamente tratada e acompanhada, sendo a perda de peso um dos fatores que auxiliam na melhoria do quadro.
Asma
A asma é outra doença crônica, que atinge o sistema respiratório e afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, ocasionando cansaço, falta de ar, chiado no peito e outros sintomas que surgem devido a esse transtorno.
Os sintomas tornam-se ainda mais intensos na hora de dormir, na realização de atividades físicas ou ao manter contato com fatores alergênicos que podem desencadear uma crise.
Um dos possíveis causadores da asma é a reação à leptina, proteína produzida principalmente pelo tecido adiposo, que são as células responsáveis pelo armazenamento de gordura, acarretando em uma das principais consequências da obesidade.
Apneia do sono
É um problema que provoca barulhos e interrupções na respiração ao dormir, comprometendo a qualidade do sono, levando a causar sonolência diurna, dificuldades de concentração e de raciocínio, redução da oferta de oxigênio ao sistema nervoso e vários outros problemas.
O excesso de peso favorece grandemente o surgimento dessa doença, devido ao fato de que dificulta a passagem de ar pelas vias respiratórias, obstruindo esses canais.
Diabetes
O excesso de peso é, na ampla maioria das vezes, consequência de gasto calórico menor que o consumo – dessa forma a energia não utilizada é estocada no corpo em forma de gordura.
Porém, em excesso, o tecido adiposo interfere no funcionamento da insulina, hormônio que regula os níveis de açúcar na corrente sanguínea e quando há resistência à insulina, as chances de desenvolver diabetes tipo 2 são muito maiores, colocando essa doença como outra grave consequências da obesidade, comprometendo a qualidade de vida do indivíduo e gerando complicações, como problemas de visão e de cicatrização.