No mês de Março tivemos a Conscientização da Endometriose, condição que afeta cerca de 176 milhões de mulheres a nível global e caracteriza-se pelo crescimento do endométrio (revestimento interno do útero) em outras regiões do corpo.
Essa campanha intitula-se Março Amarelo e visa conscientizar a população a respeito dessa doença, que impacta de forma direta aspectos da vida feminina, implicando inclusive na fertilidade, dependendo da gravidade do caso.
A endometriose é uma doença crônica e inflamatória que ocorre geralmente durante o período reprodutivo.
Para compreender os impactos que a endometriose pode acarretar na fertilidade e na saúde da mulher, leia nosso post de hoje, que teremos muitas informações sobre o assunto!
O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença caracterizada pelo crescimento de um tecido similar ao endométrio – que é o tecido que reveste o útero – porém fora da cavidade uterina. Geralmente se manifesta em órgãos próximos como:
- Ovários;
- Ligamentos que sustentam o útero;
- Tubas uterinas.
Porém, a endometriose também pode se desenvolver em outras regiões da pelve e do abdômen e este tecido “invasor”, pode permanecer apenas na superfície das estruturas corporais ou adentrar as mesmas em maior profundidade.
Essa condição é mais frequente de ocorrer em mulheres com idade entre 25 e 44 anos e embora seja relativamente recorrente – a endometriose ainda é uma doença pouco conhecida, o que leva muitas mulheres a demorarem para receber um diagnóstico preciso.
Os principais sinais que apontam para a mulher ter endometriose são dores fortes que podem inclusive ser incapacitantes, como:
- Cólicas progressivas e severas;
- Menstruação irregular;
- Inchaço;
- Dor abdominal;
- Desconforto ao evacuar e/ou urinar;
- Dores na região lombar;
- Dor durante a relação sexual.
Com a progressão da doença, o processo inflamatório provocado pelo desenvolvimento do tecido ectópico resulta na manifestação dos sintomas supracitados.
A endometriose é classificada como uma doença crônica, mas a boa notícia é que ela tem tratamento na maioria dos casos. Este pode ser apenas de controle dos sintomas ou em casos graves é necessária até mesmo a remoção do tecido ectópico.
Tipos de endometriose e estágios da doença
Os estágios da Endometriose dividem-se em:
- Mínima – Estágio I;
- Leve – Estágio II;
- Moderada – Estágio III;
- Grave – Estágio IV.
E de acordo com os critérios abaixo, ela é classificada em três subtipos:
- Localização do tecido ectópico;
- Estruturas atingidas;
- Quantidade e profundidade do tecido ectópico;
- Grau de comprometimento dos órgãos
- Região do corpo afetada;
- Estágio da doença.
Endometriose peritoneal superficial:
Nos estágios I e II de desenvolvimento da endometriose peritoneal ocorrem a formação de pequenas lesões que em geral são planas e rasas e que localizam-se apenas no peritônio – que é a membrana que recobre a parede do abdome.
Endometriose ovariana:
Ocorre no estágio III de desenvolvimento e sua principal característica é a presença de um tipo de cisto preenchido por um líquido de aspecto achocolatado chamado de endometrioma ovariano. Esses cistos podem ter diferentes tamanhos e é comum de ocorrer em mulheres portadoras da doença.
Endometriose infiltrativa profunda:
Manifesta-se no estágio IV de desenvolvimento da doença. Esse tipo de endometriose apresenta lesões mais profundas – que já invadem o peritônio e outros locais como:
- Região retrocervical – atrás do colo uterino;
- Septo retovaginal – entre reto e vagina;
- A vagina em si;
- Intestino;
- Paredes da bexiga;
- Ureteres.
Tratamento para endometriose
O tratamento para endometriose é definido por critérios como: desejo da mulher de engravidar no momento e intensidade dos sintomas manifestados.
Se houverem sintomas como dor e sangramento mas a paciente não tiver a intenção de engravidar naquele momento são prescritos medicamentos contraceptivos:
- Orais ou injetáveis;
- DIU ou anel;
- Combinados ou somente com progesterona.
Todos com o propósito de controle dos sintomas.
Ao passo que a remoção do tecido endometrial ectópico por cirurgia, por ser mais invasiva, somente é indicada quando os sintomas se manifestam severamente, ou em casos onde a endometriose ocasionou problemas de fertilidade.
No próximo tópico veremos como essa condição pode afetar as chances de concepção e também as opções de tratamento disponíveis para mulheres que desejam engravidar sendo portadoras de endometriose.
Como a endometriose pode afetar a fertilidade?
A endometriose afeta cerca de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, sendo que destas, cerca de 50% manifesta problemas de infertilidade. O risco é mais alto para mulheres que nunca tiveram filhos, ou que foram mães após os 30 anos de idade.
Critérios como: menstruação precoce ou menopausa tardia, anomalias uterinas e irregularidades menstruais, também contribuem para o desenvolvimento da endometriose, ao passo que a infertilidade está associada aos diferentes estágios de desenvolvimento da doença.
Isso porque a endometriose interfere nas diversas etapas do processo de fecundação, podendo afetar inclusive a qualidade de óvulos, espermatozóides e embriões, ou mesmo inibir a liberação do óvulo pelo ovário ou ainda a captação deste pelas tubas uterinas.
Alguns estudos sobre endometriose e infertilidade apontam os seguintes efeitos na reprodução – de acordo com o grau da doença:
Endometriose mínima ou leve
- Implantes resultantes do tecido ectópico secretam substâncias pró-inflamatórias, as citocinas e elas causam um efeito tóxico nos óvulos e espermatozóides, nos embriões e comprometem a motilidade tubária;
- As citocinas ainda afetam o ambiente folicular e o desenvolvimento dos folículos por consequência, o que leva a distúrbios de ovulação;
- A endometriose também associada-se à insuficiência de fase lútea e alteração na secreção do hormônio prolactina;
- A inflamação local e a produção excessiva de anticorpos para os antígenos endometriais podem também comprometer a receptividade endometrial e a implantação do embrião no útero.
Endometriose moderada ou grave
- A inflamação em estágios mais avançados da doença ocasiona a formação de aderências pélvicas e acaba por distorcer a anatomia pélvica, inibindo a liberação do óvulo pelo ovário ou a captação deste pelas tubas uterinas;
- Essas aderências podem ainda causar bloqueios nas tubas uterinas, impedindo que o espermatozóide alcance o óvulo para efetivar a fecundação ou mesmo dificultar o transporte dos espermatozoides;
- Os endometriomas – característicos da endometriose ovariana – também podem interferir na ovulação.
A Endometriose prejudica a fertilidade?
A resposta infelizmente é sim, pois estima-se que 30% a 40% das mulheres com essa condição apresentam dificuldades para engravidar.
É uma das principais causas de infertilidade feminina, pois o processo inflamatório causado pela doença infere em diferentes sintomas que comprometem a qualidade de vida das mulheres portadoras, afetando a reprodução.
Isso acontece por conta da mudança que a doença provoca na anatomia do aparelho reprodutor feminino, especialmente quando a endometriose acomete as Trompas de Falópio e/ou os hormônios, podendo alterar também a quantidade de óvulos, tornando-a menor, reduzindo as chances de sucesso da gestação.