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A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um preocupante problema de saúde pública devido à alta prevalência e baixas taxas de controle, contribuindo significativamente com as causas de morbidade e mortalidade cardiovascular. Saiba mais!

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um preocupante problema de saúde pública devido à alta prevalência e baixas taxas de controle, contribuindo significativamente com as causas de morbidade e mortalidade cardiovascular. No Brasil, 25% da população adulta apresenta essa doença e estima-se que em 2025 esse número terá aumentado 60%, atingindo uma prevalência de 40%. A HAS, além de ser uma das principais causas de morte por doenças do aparelho circulatório, acarreta um ônus socioeconômico elevado, com uma vida produtiva interrompida por invalidez temporária ou permanente. No Brasil, 30,4% dos óbitos são em virtude de doenças cardiovasculares. Em âmbito mundial, estima-se que seja responsável por 13% dos óbitos.

A HAS é caracterizada como uma doença crônica não transmissível, de causas multifatoriais associada a alterações funcionais, estruturais e metabólicas. Em praticamente todas as nações, a prevenção e o controle da HAS trazem implicações importantes e a utilização de novas estratégias e abordagens que identifiquem com mais precisão os indivíduos em situação de risco, oferecem benefícios tanto para o indivíduo com hipertensão como para a sociedade. Contudo, por ser uma doença crônica, o controle da HAS requer acompanhamento e tratamento por toda a vida, envolvendo as medidas farmacológicas e não farmacológicas.

De acordo com o National Heart Lung and Blood Institute (NHLBI), os principais fatores de risco para a HAS são: idade, raça, sexo, sobrepeso ou obesidade, e hábitos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, tabagismo e consumo excessivo de sal. Outros fatores de risco estão associados à pressão arterial elevada, à predisposição genética e ao estresse.

Os procedimentos de medida da pressão arterial (PA) são simples e de fácil realização; contudo, nem sempre são realizados de forma adequada. Condutas que podem evitar erros são, por exemplo, o preparo apropriado do paciente, o uso de técnica padronizada e o equipamento calibrado.

A medida da PA pode ser realizada pelo método indireto, seja com a técnica auscultatória pelo uso de esfigmomanômetro aneroide devidamente calibrado ou com a técnica oscilométrica pelos aparelhos semiautomáticos digitais de braço validados, estando também calibrados.

kit

 

Procedimento de aferição:
  1. Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso por, pelo menos, 5 minutos em ambiente calmo. Deve ser instruído a não conversar durante a medida. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ou após o procedimento.
  2. Certificar-se de que o paciente não está com a bexiga cheia; não praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos; não ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos; não fumou nos 30 minutos anteriores.
  3. A respeito do posicionamento do paciente, ele deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado. O braço deve estar na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal), livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido. Para a medida propriamente: 1. Obter a circunferência aproximadamente no meio do braço. Após a medida selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço. * 2. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital. 3. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial.
  4. Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu reaparecimento corresponderá à PA sistólica.
  5. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva.
  6. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica, obtido pela palpação.
  7. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo).
  8. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que é em geral fraco seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.
  9. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff).
  10. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa.
  11. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero.
  12. Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova medida, embora esse aspecto seja controverso.
  13. Informar os valores de pressões arteriais obtidas para o paciente.
  14. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial foi medida.

TRATAMENTO

A hipertensão arterial deve ser tratada precocemente com mudanças no estilo de vida e, em alguns pacientes, com medicação – a 130/80 mm Hg em vez de 140/90 – com base nas novas diretrizes da American College of Cardiology (AAC) e da American Heart Association (AHA) para detecção, prevenção, manejo e tratamento de pressão alta.

As novas diretrizes – o primeiro conjunto abrangente desde 2003 – diminuem a definição de pressão alta para explicar as complicações que podem ocorrer em números mais baixos e permitir uma intervenção mais precoce. Com essas definições, a prevalência de pressão alta deve triplicar entre os homens com menos de 45 anos e o dobro entre as mulheres com menos de 45 anos, observam os autores das diretrizes. No entanto, apenas um pequeno aumento é esperado no número de adultos que necessitam de medicação anti-hipertensiva.

As categorias de pressão arterial na nova diretriz são:

Normal: menos de 120/80 mm Hg;

Elevada: sistólica entre 120-129 e diastólica inferior a 80;

Fase 1: Sistólica entre 130-139 ou diastólica entre 80-89;

Fase 2: sistólica pelo menos 140 ou diastólica pelo menos 90 mm Hg;

Crise hipertensiva: sistólica acima de 180 e / ou diastólica acima de 120, com pacientes precisando de mudanças imediatas na medicação (se não houver outras indicações de problemas), ou hospitalização imediata (se houver sinais de lesão orgânica).

As diretrizes eliminam a categoria de pré-hipertensão, categorizando os pacientes como portadores de hipertensão arterial (120-129 e menor que 80) ou estágio I (130-139 ou 80-89). Enquanto as diretrizes anteriores classificaram 140/90 mmHg como hipertensão do estágio 1, esse nível é classificado como hipertensão no estágio 2 sob as novas diretrizes. Além disso, as diretrizes enfatizam a importância do uso de técnicas adequadas para medir a pressão arterial; recomendar o uso de monitoramento domiciliar da pressão arterial usando dispositivos validados; e destacar o valor do treinamento apropriado dos profissionais de saúde para revelar a “hipertensão do avental branco”. Outras mudanças incluem:

Apenas prescrever medicação para hipertensão estágio I se um paciente já tiver tido um evento cardiovascular, como ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, ou apresentar alto risco de ataque cardíaco ou AVC com base na idade, presença de diabetes mellitus, doença renal crônica ou cálculo de risco aterosclerótico (usando a mesma calculadora de risco usada na avaliação do colesterol alto).

Reconhecendo que muitas pessoas precisarão de dois ou mais tipos de medicamentos para controlar sua pressão sanguínea, e que as pessoas podem tomar suas pílulas de forma mais consistente se vários medicamentos forem combinados em um único comprimido.

Identificar o status socioeconômico e o estresse psicossocial como fatores de risco para pressão alta que devem ser considerados no plano de cuidados do paciente.

Em uma análise correspondente do impacto das diretrizes, sugere-se que a diretriz de hipertensão ACC / AHA de 2017 tem o potencial de aumentar a conscientização sobre a hipertensão, incentivar a modificação do estilo de vida e concentrar a iniciação e intensificação de medicação anti-hipertensiva em adultos de alto risco de doenças cardiovasculares.

PREVENÇÃO

Apesar de ser uma disfunção genética, a hipertensão pode ser gerada por hábitos de vida inadequados, como a ingestão excessiva de sal ou de bebida alcoólica, além da obesidade e do sedentarismo. Na maioria das vezes, não apresenta sintomas e apenas com o controle da pressão arterial (PA) é possível atestar a sua incidência.

A primeira forma de prevenção é fazer o acompanhamento dos índices da PA, principalmente se pais, avós ou outros parentes próximos também tenham hipertensão.

Outras dicas para uma vida mais saudável:

  • Pratique exercícios físicos: uma simples caminhada de 20 minutos, de três a cinco vezes por semana;
  • Evite alimentos muito gordurosos, frituras, doces e muito salgados;
  • Evite ingerir bebidas alcoólicas. Elas baixam a pressão e quando se unem aos efeitos dos medicamentos podem causar complicações;
  • O fumo também é grande agravador do aumento da pressão arterial. Por isso, o indicado é parar de fumar;
  • Evite o estresse, ele pode dificultar o controle da pressão;
  • Não interrompa o tratamento com remédios, sem a orientação do médico de confiança.

REFERÊNCIAS

American College of Cardiology. New ACC/AHA High Blood Pressure Guidelines Lower Definition of Hypertension. Nov 13, 2017.

https://www.endocrino.org.br/dicas-para-prevenir-hipertensao/

Pierin, A.M.G.; et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão VI | Capítulo 2.

Radovanovic, C.A.T. Hipertensão arterial e outros fatores de risco associados às doenças cardiovasculares em adultos. Rev. Latino-Am. Enfermagem Artigo Original jul.-ago. 2014;22(4):547-53.

Silva, E.C.; et al. Prevalência de hipertensão arterial sistêmica e fatores associados em homens e mulheres residentes em municípios da Amazônia Legal. REV BRAS EPIDEMIOL JAN-MAR 2016; 19(1): 38-51.

Zangirolani, L.T.O.; et al.   Hipertensão arterial autor referida em adultos residentes em Campinas, São Paulo, Brasil: prevalência, fatores associados e práticas de controle em estudo de base populacional. Ciência & Saúde Coletiva, 23(4):1221-1232, 2018.

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