Diabetes Mellitus
O dia 14 de novembro é o dia mundial destinado à conscientização do Diabetes. A conscientização pode englobar tanto a prevenção quanto as orientações fundamentais para os pacientes que, infelizmente, são acometidos por essa patologia.
Diabetes mellitus (DM) descreve uma desordem metabólica de etiologia múltipla, caracterizada por uma hiperglicemia crônica, com distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono, lipídios e proteínas, resultantes de deficiências na secreção ou na ação da insulina, ou mesmo de ambas.
As consequências do DM a longo prazo incluem danos, disfunção e/ou falência de vários órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. Com frequência, os sintomas clássicos (perda inexplicada de peso, polidipsia e poliúria) estão ausentes, porém poderá existir hiperglicemia de grau suficiente para causar alterações funcionais ou patológicas por um longo período, antes que o diagnóstico seja estabelecido.
Em casos mais graves, pode desenvolver-se cetoacidose, ou um estado hiperosmolar não cetónico que pode conduzir letargia, coma e, na ausência de tratamento adequado, à morte.
Atualmente, estima-se que a população mundial com diabetes seja da ordem de 387 milhões e que alcance 471 milhões em 2035. Cerca de 80% desses indivíduos vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade e há crescente proporção de pessoas acometidas em grupos etários mais jovens, as quais coexistem com o problema que as doenças infecciosas ainda representam.
Sua natureza crônica, a gravidade das complicações e os meios necessários para controlá-las tornam o DM uma doença muito onerosa não apenas para os indivíduos afetados e suas famílias, mas também para o sistema de saúde. Os custos intangíveis (por exemplo, dor, ansiedade, inconveniência e perda de qualidade de vida) também apresentam grande impacto na vida das pessoas.
Diabetes tipo 1 –
O termo “tipo 1” indica destruição da célula beta que, eventualmente, leva ao estágio de deficiência absoluta de insulina, quando a administração de insulina é necessária para prevenir cetoacidose, coma e morte.
Diabetes tipo 2 –
O termo “tipo 2” é usado para designar uma deficiência relativa de insulina. A administração de insulina nesses casos, quando efetuada, não visa evitar cetoacidose, mas alcançar controle do quadro hiperglicêmico. A cetoacidose é rara e, quando presente, é acompanhada de infecção ou estresse muito grave. A maioria dos casos apresenta excesso de peso ou deposição central de gordura. Em geral, mostram evidências de resistência à ação da insulina e o defeito na secreção de insulina manifesta-se pela incapacidade de compensar essa resistência. Em alguns indivíduos, no entanto, a ação da insulina é normal, e o defeito secretor mais intenso.
Cuidados necessários
Considerando a elevada carga de morbimortalidade associada, a prevenção do diabetes e de suas complicações é, hoje, prioridade de saúde pública. Na atenção básica, ela pode ser efetuada por meio da prevenção de fatores de risco para diabetes como sedentarismo, obesidade e hábitos alimentares não saudáveis; da identificação e tratamento de indivíduos de alto risco para diabetes (prevenção primária); da identificação de casos não diagnosticados de diabetes (prevenção secundária) para tratamento; e intensificação do controle de pacientes já diagnosticados visando prevenir complicações agudas e crônicas (prevenção terciária)
Rastreamento do diabetes tipo 2
Cerca de 50% da população com diabetes não sabe que é portadora da doença, algumas vezes permanecendo não diagnosticada até se manifestarem os sinais de complicação. Por isso, testes de rastreamento são indicados em indivíduos assintomáticos que apresentem maior risco da doença, apesar de não haver ensaios clínicos que documentem o benefício resultante e a relação custo-efetividade ser questionável. Fatores indicativos de maior risco são listados a seguir:
- Idade > 45 anos.
- Sobrepeso (Índice de Massa Corporal IMC > 25).
- Obesidade central (cintura abdominal > 102 cm para homens e > 88 cm para mulheres, medida na altura das cristas ilíacas).
- Antecedente familiar (mãe ou pai) com DM.
- Hipertensão arterial (> 140/90 mmHg).
- Colesterol HDL d”35 mg/dL e/ou triglicerídeos e”150 mg/dL.
- História de macrossomia ou diabetes gestacional.
- Diagnóstico prévio de síndrome de ovários policísticos.
- Doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica definida.
Indivíduos de alto risco requerem investigação diagnóstica laboratorial com glicemia de jejum e/ou teste de tolerância à glicose, como discutido na próxima seção. Alguns casos serão confirmados como portadores de diabetes, outros apresentarão alteração na regulação glicêmica (tolerância à glicose diminuída ou glicemia de jejum alterada), o que confere maior risco de desenvolver diabetes. A caracterização do grau de risco não está padronizada. Para merecer avaliação laboratorial e colocar um paciente assintomático sob suspeita, alguns sugerem a presença de vários fatores de risco, como os já citados. A tendência crescente é que se use um escore de fatores de risco semelhante aos já empregados na avaliação do risco cardiovascular. É bem provável que no próximo manual já esteja definido qual o escore a ser adotado. Casos em que a investigação laboratorial for normal deverão ser investigados a cada 3-7 anos, dependendo do grau de suspeita clínica
Principais sintomas de diabetes
Os sintomas clássicos de diabetes são: poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária de peso (os “4 Ps”). Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar e infecções de repetição. Algumas vezes o diagnóstico é feito a partir de complicações crônicas como neuropatia, retinopatia ou doença cardiovascular aterosclerótica. Entretanto, como já mencionado, o diabetes é assintomático em proporção significativa dos casos, a suspeita clínica ocorre, então, a partir de fatores de risco para o diabetes.
Prevenção
Hoje em dia, está bem demonstrado que indivíduos em alto risco (com tolerância à glicose diminuída), podem prevenir, ou ao menos retardar, o aparecimento do diabetes tipo 2. Por exemplo, mudanças de estilo de vida reduziram 58% da incidência de diabetes em três anos. Essas mudanças visavam discreta redução de peso (5-10% do peso), manutenção do peso perdido, aumento da ingestão de fibras, restrição energética moderada, restrição de gorduras, especialmente as saturadas, e aumento de atividade física regular ou intervenções farmacológicas. Casos com alto risco de desenvolver diabetes, incluindo mulheres que tiveram diabetes gestacional, devem fazer investigação laboratorial periódica para avaliar sua regulação glicêmica. A caracterização do risco é feita de modo semelhante àquela feita para suspeita de diabetes assintomático discutida acima.
Consultar regularmente um clínico para a realização de exames de rotina torna-se uma maneira muito eficaz no diagnóstico precoce. Além disso, atividades físicas e reeducação alimentar ainda são as melhores formas de prevenção dessa patologia.
REFERÊNCIAS:
Consenso Brasileiro sobre Diabetes – 2000. Disponível em: <http: // C:\bvs\editaveis\pdf\consensoSBD.doc>.
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes – 2015-2016. Disponível em :< http: http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf>.
GROSS, J.L.; ET AL. Diabetes Melito: Diagnóstico, Classificação e Avaliação do Controle Glicêmico. Arq Bras Endocrinol Metab vol.46 no.1 São Paulo Feb. 2002.
LUCENA, J.B.S. Diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2. Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Farmácia/FMU. Disponível em: <http:// http://arquivo.fmu.br/prodisc/farmacia/jbsl.pdf>.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Conduta terapêutica no diabetes tipo 2: algoritmo sbd 2017. Disponível em: < http:// http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/POSICIONAMENTO-OFICIAL-SBD-02-2017-ALGORITMO-SBD-2017.pdf>.
Sociedade Portuguesa de Diabetes. Disponível em: < http:// http://www.spd.pt/index.php/grupos-de-estudo-mainmenu-30/classificao-da-diabetes-mellitus-mainmenu-175>.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF