No mês passado o dólar chegou na casa dos R$ 3,08 e bateu recordes de baixa. Muitos acreditam que esta queda reflete imediatamente na redução dos preços dos produtos importados, com isso, nossos clientes pedem preços mais atrativos, alegam que o dólar caiu e os nossos preços continuam os mesmos. Entretanto esta questão é bem mais complexa do que parece, o dólar mais baixo não possibilita manobras instantâneas na alteração dos preços. Vou explicar um pouco a respeito de como esse mercado funciona.
Os fabricantes disponibilizam seus produtos para países diferentes e, na maioria das vezes, eles não têm o produto a pronta entrega; ou seja, entre o pedido, pagamento, fabricação, envio da mercadoria e a liberação junto aos órgãos competentes existe um “lead time” (tempo de espera) entre 90 e 120 dias.
Na prática, pagamos pelo produto hoje, mas só o teremos disponível para venda 120 dias depois. Além disso, faturamos para os nossos clientes, o que prolonga ainda mais o retorno do dinheiro investido ao fluxo de caixa da empresa.
Este evento não prejudica apenas o nosso mercado, afeta a todos. Muitos dos produtos nacionais utilizam componentes importados. A variação cambial tende desordenar todos os preços, provocando o aumento do pãozinho, do macarrão, da gasolina, dentre outros.
Outra influência que o dólar exerce sobre os preços é que com o produto importado mais barato, os produtos nacionais desvalorizam.
A curto prazo, alguns setores podem até ser beneficiados com a baixa do dólar, mas no médio e no longo prazo, todos perdem, pois, a moeda não está valorizada por uma escolha, mas sim porque a economia enfraquecida começa a enxergar uma luz no fim do túnel.