A vacinação sem dúvidas é a melhor maneira das pessoas se protegerem contra uma variedade de doenças graves, sendo uma das intervenções de saúde mais eficazes contra as doenças há mais de 200 anos.
As campanhas de vacinação a nível mundial conseguiram erradicar afecções gravíssimas como a varíola – que teve seu último caso no Brasil em 1971 e, no mundo, o último registro da doença foi em 1977, sendo declarada erradicada pela Organização das Nações Unidas em 1980.
Porém nos últimos anos o que se viu foi uma diminuição crescente das coberturas vacinais, tanto no Brasil quanto no restante do mundo.
Essa é uma questão bastante preocupante, já que pessoas não imunizadas podem trazer de volta doenças e infecções que eram tidas como erradicadas, colocando vidas em risco de forma desnecessária.
Por que estar com o ciclo vacinal em dia é tão importante?
A vacinação completa é de suma importância como medida fundamental para evitar o ressurgimento de doenças erradicadas, sendo extremamente necessário que a população siga de forma rigorosa os calendários de vacinação.
Somente com o ciclo vacinal em dia a proteção coletiva está assegurada, pois com as pessoas devidamente imunizadas, impede-se que patologias já consideradas controladas há muitos anos retornem e causem surtos epidêmicos.
Há pouco tempo atrás passamos por uma grave pandemia, que mostrou a enorme importância das vacinas para controle de doenças, portanto, tomá-las corretamente é um ato de conscientização, de responsabilidade individual e coletiva a fim de preservar a saúde pública e prevenir riscos à saúde de todos.
As duas principais razões de importância para manter o ciclo vacinal em dia é proteger a nós mesmos e também as pessoas que estão à nossa volta.
Doenças que estão retornando decorrentes da não vacinação
As baixas coberturas vacinais a nível mundial, vem apresentando consequências severas, principalmente em crianças menores de 5 anos, que geraram um sinal de alerta: doenças graves, antes consideradas erradicadas – como os exemplos dos próximos tópicos – estão reaparecendo.
Poliomielite
A poliomielite, comumente conhecida por “paralisia infantil”, é uma doença infectocontagiosa viral, que se caracteriza por um quadro de paralisia flácida, que inicia de súbito atingindo os membros inferiores de forma assimétrica.
A transmissão da pólio pode ocorrer por contato direto (pessoa a pessoa), por via fecal-oral (essa é a forma mais frequente de contágio), por contato com objetos, alimentos e água contaminados com as fezes de pessoas doentes ou portadores do vírus.
Também pode ser transmitida por via oral, quando a pessoa infectada ao falar, tossir ou espirrar expele gotículas de secreção contaminada perto de uma pessoa saudável.
A pólio deixou sequelas em milhares de pessoas no Brasil e no mundo, como paralisia de membros inferiores, problemas e dores articulares, crescimento diferente das pernas, escoliose.
Desde 1989, o Brasil não registra nenhum caso novo da doença e, em 1994, a Organização Pan-Americana de Saúde reconheceu a erradicação da poliomielite no Brasil.
Porém a baixa cobertura vacinal é um alerta para o possível retorno dessa doença, pois desde 2017, o país não atingiu a meta de cobertura vacinal de 95% das crianças contra a poliomielite. Em 2022, a taxa de imunização atingiu apenas 65,6% do público-alvo.
Sarampo
Esta é uma doença causada por um vírus que provoca:
- Febre alta;
- Tosse
- Coriza;
- Manchas avermelhadas pelo corpo;
- Irritação nos olhos;
- Mal-estar intenso.
O sarampo é transmitido por gotículas de secreção provenientes de tosse, espirro ou fala, em especial, em ambientes fechados e é perigoso por também facilitar o surgimento de doenças associadas, como pneumonia e diarreia, podendo levar à morte, principalmente em crianças pequenas.
Até 2016, o sarampo era considerado erradicado no Brasil, de forma que o país recebeu da OMS o certificado de eliminação do vírus causador do sarampo. Porém, em 2018, perdeu-se esse certificado com a confirmação de 9.325 novos casos da doença pelo Ministério da Saúde.
Atribui-se o retorno dos casos de sarampo à queda da cobertura vacinal – que em 2015, era de 96,07% e em 2021, ficou apenas em 79,51%. E em 2022, somente 47,08% das crianças entre 6 meses a 5 anos incompletos haviam receberam a vacina contra o sarampo.
Rubéola
A rubéola é uma doença que pode deixar graves sequelas e seus sintomas principais são: febre baixa, inchaço nos gânglios e manchas rosadas na pele.
Essa é uma doença da qual não se tem notícia de novos casos no Brasil desde 2008, o que desde 2015, considera a rubéola erradicada no país, recebendo da Organização Pan-Americana de Saúde o certificado de área livre de circulação da doença.
Porém, com a cobertura vacinal abaixo dos 95%, essa é outra doença com potencial de voltar ao Brasil.
Caxumba
Seu principal sintoma é o aumento das glândulas salivares, que causa inchaço na região da boca e do pescoço, febre e calafrios.
A primeira vacina contra a caxumba foi desenvolvida em 1948, com o vírus inativado. Hoje, no Brasil, a caxumba é a terceira doença contemplada pela vacina tríplice viral (que imuniza também contra o sarampo e a rubéola).
Mesmo nunca tendo sido erradicada do país, as autoridades de saúde alertam para possíveis surtos que podem ocorrer de forma sazonal, porém os dados da doença a nível nacional são muito imprecisos.
Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde realiza um levantamento periódico dos casos de caxumba e apurou que até outubro de 2022, foram confirmados 4 casos da doença.
Varicela
Também conhecida como catapora, essa doença aparece com manchas vermelhas pelo corpo que causam muita coceira, além de febre e mal-estar intenso.
A varicela é outra doença que diminuiu significativamente após a chegada da vacina em 1996, e reduziu ainda mais ainda após integrar o Plano Nacional de Imunização e ser oferecida de forma gratuita pelo SUS em 2013.
Mas ela é outra das doenças que estão voltando a aparecer por falta de vacinação, o que leva o Ministério da Saúde a estimar que 3 milhões de pessoas sejam infectadas por ano com essa doença.
Difteria
A difteria é uma doença respiratória, de alta transmissibilidade, que causa placas esbranquiçadas nas amígdalas, dor de garganta, cansaço e febre.
Essa também é uma doença “candidata” a retornar a patamares preocupantes pela falta de vacinação, pois mesmo que a cobertura vacinal mantenha-se entre 70% e 80% desde 2017, o ideal é que essa porcentagem fosse superior a 95%.
Preciso me vacinar mesmo que as doenças evitáveis por vacinas estejam quase erradicadas em meu país?
A resposta é afirmativa! Não se pode relaxar em relação à vacinação. Embora as doenças evitáveis por meio da imunização tenham se tornado raras, os agentes infecciosos que as causam continuam circulando em algumas partes do mundo.
A falta de vacinação ocorre porque os pais não vêem mais algumas doenças como um risco ou porque acreditam no mito de que a vacinação apresenta malefícios à saúde.
Notícias falsas, propagadas por grupos contrários à vacinação, vêm se espalhando pela internet, mas as vacinas são seguras e benéficas não somente para as crianças, mas para toda a população.