A medicina é uma das áreas mais importantes da economia, pois, qualquer pequena otimização de processos ou uso de materiais acarreta grande ganho econômico e social.
Uma das razões para ser assim é o alto uso de serviços e produtos de saúde. Se pensarmos no Brasil, são mais de 200 milhões de habitantes que precisam ter acesso à saúde, tanto de maneira direta quanto indireta.
De acordo com o IBGE, quase 10 mil pessoas procuram por serviços de saúde por dia no Brasil. Estima-se que mais de 450 mil pessoas fiquem doentes por dia em solo nacional.
Apenas com essas informações, fica claro o motivo da reutilização: em um ano, em média 365 mil pessoas procuraram atendimento médico, e uma pequena redução no custo do tratamento, digamos de R$ 20, equivaleria a uma economia de R$ 7,3 milhões anuais.
Vamos explorar esse tema com mais profundidade.
O que é a Reutilização de materiais no ambiente médico ?
A reutilização, como o próprio nome sugere, está relacionada ao ato de usar um material mais de uma vez e, embora possa parecer uma prática ilegal, na verdade a legislação embasa muitas destas práticas.
Vale lembrar que a reutilização é bastante comum nos hospitais. Só para exemplificar, o medidor de pressão arterial é usado e reutilizado milhares de vezes em um mesmo hospital, sem que haja problema algum.
Todavia, devemos ressaltar que existem protocolos para a reutilização, e quem cuida desses protocolos é a Anvisa.
Embora a economia de recursos seja importante durante o atendimento médico, a recuperação do paciente continua sendo o objetivo de qualquer ação médica, por isso a reutilização deve ser feita com ética e de maneira rigorosa.
O que a Lei fala sobre essa prática?
Como dissemos anteriormente, a reutilização de materiais no ambiente médico é uma prática comum e prevista em lei. No entanto, não são todos os materiais que podem ser reutilizados, posto que a lei os categoriza em materiais de uso múltiplo e de uso único.
Veja mais detalhes sobre essas categorias nas próximas seções. Todas as informações contidas neste conteúdo estão disponíveis e podem ser acessadas pelos órgãos reguladores.
Materiais de uso múltiplo
Os materiais de uso múltiplo, segundo a legislação, são todos aqueles que podem ser usados mais de uma vez, estando passíveis de processos que permitam o uso seguro, sem danos ao paciente.
Em outras palavras, equipamentos e demais materiais que podem ser esterilizados e reutilizados são ditos de uso múltiplo.
Um ótimo exemplo desses materiais é o esfigmomanômetro. Após realizar um teste pulmonar ou mensurar a pressão arterial, o profissional de saúde pode esterilizar o equipamento com álcool 70º e reutilizá-lo em outro paciente.
No entanto, vale tomar cuidado com as normas impostas pela Anvisa: todo material de uso múltiplo tem um limite de reutilização. Isso acontece pois há desgaste natural do material em decorrência do uso e do processo de esterilização, que causam deterioramento.
Materiais de uso único
Basicamente, os materiais de uso único são todos aqueles que não são de uso múltiplo.
Esses materiais têm como principal característica o uso personalizado, envolvendo contato direto com fluidos do paciente e/ou impossibilidade de esterilização completa.
Só para exemplificar, o uso de cateter epidural tem uso personalizado para um certo paciente, o material entra em contato direto com seus fluídos e a esterilização completa é improvável.
Por essas razões o cateter epidural é categorizado como “material de uso único” e não deve ser reutilizado.
Também devemos entender que existem outras características desses materiais, como baixo preço e alto risco de agravamento de quadro em decorrência da reutilização.
Como o reprocessamento é realizado?
Antes de mais nada, vale a pena destacar as diferenças existentes entre os conceitos de esterilização, processamento e reprocessamento.
A esterilização nada mais é do que o ato de eliminar todo e qualquer microorganismo de equipamentos, materiais e artigos, sejam eles médicos ou não.
Portanto, é o que garante a reutilização de materiais no ambiente médico, dado que previne infecções em decorrência do uso do material.
O processamento é o preparo antes de os itens serem esterilizados. Ou seja, a pré-limpeza, secagem, checagem de qualidade etc. Após feito o processamento, o item vai para a esterilização ou desinfecção.
Por fim, temos o reprocessamento, que é a etapa de reutilização, por assim dizer.
Em outras palavras, estamos olhando para o ciclo de vida do material médico: primeiro ele é recebido no hospital, vindo direto da distribuidora, sendo analisado e passando por um tratamento inicial; em seguida, vai para a esterilização e para o uso em campo; se for um material de uso múltiplo, vai para o reprocessamento.
Quais os riscos e benefícios da reutilização de materiais no ambiente médico?
Como você deve imaginar, trabalhar com reutilização de materiais médicos não é simples como na teoria.
Para nos aprofundarmos ainda mais sobre o tema, trouxemos alguns riscos e benefícios da reutilização.
Confira:
Riscos da reutilização
- Falha na esterilização: todo processo está sujeito a falhas e a reutilização também pode sofrer com isso. Uma falha durante o reprocessamento pode contaminar pacientes saudáveis através de restos de materiais biológicos.
- Deterioração: o reprocessamento é bastante rigoroso e tende a desgastar o material. Dessa forma, favorece a deterioração, diminuindo sua eficiência e vida útil.
- Perda de funcionalidade: nem todos os materiais suportam o reprocessamento completamente. Isso só será notado na hora de usar o material.
- Resistência antimicrobiana: quanto mais os microrganismos ficam expostos a agentes antimicrobianos, mais resistentes eles tendem a se tornar.
Benefícios da reutilização de materiais no ambiente médico
- Redução de custos: naturalmente, um dos benefícios da reutilização de materiais é a redução de custos, como trouxemos na introdução deste conteúdo.
- Sustentabilidade: ao reutilizar material, produz-se menos lixo hospitalar.
- Acesso a serviços de saúde: os hospitais públicos tendem a se beneficiar da reutilização, pois ela fomenta o acesso a serviços de saúde.
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