A tuberculose já foi uma grande vilã, especialmente na Europa dos séculos XVIII e XIX, durante a Revolução Industrial e após, devido a locais confinados que aliados à má higiene, levou a óbito grande número de pessoas.
Neste período ela inclusive ganhou a alcunha de “Peste Branca”, pela explosão de casos e a não possibilidade de cura, que só começou a delinear-se em 22 de setembro de 1928, quando Alexander Fleming descobriu a penicilina.
Mas a melhor solução para a tuberculose veio em 1943 pelas mãos de Selman Abraham Waksman que descobriu que o fungo Streptomyces griseus produzia a estreptomicina, substância antibiótica que era muito eficaz no tratamento e cura desta doença.
Mesmo após tantos anos decorridos, a tuberculose ainda é considerada um problema de saúde pública e de acordo com o Ministério da Saúde cerca de 70 mil brasileiros são diagnosticados com tuberculose e que ocasionam a morte de 4,5 mil pessoas.
Vamos tratar hoje sobre o tratamento desse mal, que é um processo longo e demanda paciência, mas que é necessário para se atingir a cura.
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O que é a tuberculose?
A tuberculose é definida pela medicina como uma doença de origem bacteriana, ou seja, ocasionada por uma bactéria – Mycobacterium Tuberculosis – ou também chamada: bacilo de Koch.
Ela afeta geralmente o pulmão, mas em certos casos também pode atingir outros órgãos e sistemas do corpo, dependendo da gravidade, pois muitas pessoas não sabem, mas há vários tipos de tuberculose. Veja quais.
Quais os tipos de tuberculose?
Existem diferentes tipos dessa doença e muitos estão relacionados de forma direta à área do corpo afetada.
Tuberculose pulmonar
Este é o tipo mais comum e conhecido, ocorrendo quando a bactéria se aloja nos alvéolos pulmonares e multiplica-se desenfreadamente, causando a necrose dos tecidos e é dividida em dois tipos: primária e secundária.
A primária trata da primeira infecção do indivíduo pelo bacilo de koch, sendo mais comum em crianças, pelo sistema imunológico estar em desenvolvimento.
A secundária, por sua vez, ocorre quando a pessoa é infectada novamente ou quando os bacilos já alojados no organismo reativem o processo infeccioso.
Tuberculose miliar:
Esse tipo da doença ocorre quando a tuberculose não é contida e passa por um processo de agravamento, levando o indivíduo tuberculoso a apresentar pequenas lesões na pele e que podem inclusive afetar as meninges, o fígado e outros órgãos do corpo.
Tuberculose intestinal
Este tipo de tuberculose é bem raro e os sintomas são febre e diarreia.
Os motivos que podem levar a essa variação da doença são: o avanço e complicações da tuberculose pulmonar ou a ingestão de leite não pasteurizado contaminado com a presença da bactéria M.bovis, que também pode causar a doença.
Tuberculose óssea
Afeta principalmente a coluna vertebral, esse tipo de tuberculose pode atingir qualquer osso ou articulação do corpo e manifesta-se mais comumente em crianças e adultos acima dos 40 anos.
Tuberculose ganglionar:
Ela é mais comum em crianças e pessoas com o vírus da AIDS ativo no corpo, acontecendo quando a bactéria causadora da tuberculose afeta o sistema linfático, atingindo os gânglios, glândulas linfáticas localizadas em locais do corpo como:
- Pescoço;
- Nuca;
- Axilas;
- Virilha;
- Abdômen.
Alguns dos sintomas da tuberculose ganglionar incluem: anemia, aumento dos gânglios, fadiga extrema, dores e inchaços localizados.
Quais os sintomas da tuberculose?
Como você viu acima, alguns tipos de tuberculose apresentam sintomas específicos, porém, entre os sinais mais comuns da doença estão:
- Tosse forte e frequente por mais de duas semanas;
- Tosse com ou sem secreção por mais de quatro semanas;
- Febre baixa, geralmente, à tarde;
- Dor no peito;
- Falta de ar;
- Cansaço;
- Catarro com ou sem a presença de sangue;
- Perda de apetite;
- Rouquidão
- Sudorese noturna;
- Palidez;
- Perda de peso;
- Fraqueza.
Na maioria das vezes, esses sintomas são leves e perduram por vários meses, o que faz com que a pessoa demore para procurar atendimento médico e isso é que torna a tuberculose ainda mais perigosa, pois tende a ser confundida com outras doenças, ocasionando a infecção de outras pessoas.
Como prevenir a tuberculose?
A principal forma de prevenção é a vacina BCG, oferecida de graça no Sistema Único de Saúde (SUS), que deve ser aplicada nas crianças logo ao nascer ou, no máximo, antes dos 5 anos, a BCG protege contra as formas mais graves da tuberculose.
Como medida de prevenção também é importante avaliar os familiares e pessoas próximas do paciente infectado, para que não desenvolvam a tuberculose na forma ativa e que evitem contato com a secreção do tuberculoso, pois a doença é transmitida pelo ar – quando o infectado tosse, espirra ou cospe.
Isso porque muitas pessoas podem servir como incubadoras do bacilo de Koch, mesmo que nunca venham a desenvolver os sintomas causados pela tuberculose.
Tratamento da tuberculose – como funciona?
A tuberculose, por ser confundida com outras infecções respiratórias, acaba por propagar a doença e isso ainda dificulta o tratamento, que deve ser iniciado logo nos primeiros sinais, para garantir o sucesso deste.
O regime de tratamento padrão para a tuberculose inclui o uso de fármacos como:
- Rifampicina
- Isoniazida;
- Etambutol;
- Pirazinamida.
Esse tratamento é realizado da forma indicada pelo médico, seguindo o esquema elaborado pelo Ministério da Saúde com os 4 medicamentos supracitados por um período de 6 meses. O SUS oferece esse tratamento de forma gratuita.
O tratamento é 100% eficaz e dura cerca de seis meses a um ano, ou por período determinado pelo médico.
A eficácia também fica a encargo do paciente, que precisa seguir o tratamento à risca, sem interrompê-lo e evitando ao máximo o esquecimento das medicações, pois sem adesão correta, a tuberculose pode se tornar resistente aos remédios e acabar se espalhando para outros órgãos e sistemas do corpo.
Mesmo que os sintomas melhorem significativamente ou sumam ou mesmo que o paciente apresente uma melhora visível, é preciso prosseguir com o uso dos medicamentos seguindo com a recomendação médica, para evitar o fortalecimento da bactéria e a resistência bacteriana ao tratamento.
No Brasil existem 19 pacientes que estão tratando o bacilo de Koch na sua forma mais potente já identificada.
Ou seja, a importância da adesão ao tratamento é imprescindível além do acompanhamento médico regular, pois na fase de tratamento inicial da tuberculose, a chance de cura é de 95%.